Gaúchos e brasileiros renovam na virada do ano a expectativa em relação aos novos gestores públicos, que assumem seus postos em 1º de janeiro referendados pelo voto e embalados por um amplo e inequívoco signo de mudança expresso pela maioria do eleitorado.
É a esse espírito que Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto, e Eduardo Leite, no Piratini, deverão prestar tributo durante os próximos quatro anos caso desejem contar com alguma chance de sucesso em seus mandatos.
Os brasileiros que elegeram os novos governantes deram-se conta de que as mesmas coisas feitas das mesmas maneiras geram os mesmos resultados – no caso do Brasil, muito aquém do que se espera. Nem tudo está errado e nem precisa ser transformado, obviamente. Mas muitos segmentos precisam evoluir para fazer frente às demandas de um mundo moderno e em constante transformação.
Outros, nos quais claramente se fracassa nas tentativas de avanços, exigem mudanças profundas. É o caso, por exemplo, da segurança pública, cuja fragilidade assusta brasileiros, choca o mundo e afugenta turistas e investimentos estrangeiros. O presidente eleito e a grande maioria dos novos governadores souberam identificar na criminalidade o ponto de inflexão de suas campanhas e se propõem a trazer os indicadores para níveis civilizados. Por certo que mais violência atrairá ainda mais violência, mas a política atual, de virtual inércia diante da desenvoltura de facções e criminosos em geral, tem sido um monumento aos modelos falidos. Pela renovada disposição de governantes, apoiados pela maioria dos cidadãos, o Brasil tem agora sua melhor chance de finalmente começar a reverter o avanço do crime.
Estranhamente, no país que tem um dos Judiciários mais caros do mundo, há evidente falta de justiça. Não sem razão, os cidadãos sentem-se injustiçados pela sensação de terem se tornado prisioneiros em suas próprias casas. Além disso, distorce-se o amplo direito à justiça quando ele é transformado em intermináveis recursos ou em chave para abrir portas em cadeias sob o argumento de que os presídios já estão lotados.
Da mesma forma, é preciso admitir que o modelo público de educação ficou claramente para trás e se converteu numa âncora que retém o futuro do Brasil em comparação com outros países. A despeito de centenas de milhares de profissionais em sua imensa maioria abnegados a seus alunos, o fato é que o país precisa de uma reviravolta que faça o discurso de educação sair da eterna prioridade para a efetiva realidade.
É promissor que, diante da opção dos eleitores por renovação, tanto em âmbito federal quanto estadual, os novos gestores se mostrem menos compromissados com anacrônicas práticas do balcão de favores da política. Diante do recado transmitido pelas urnas, essa disposição aponta para a necessidade de se buscarem novas formas de relacionamento com o Legislativo. O Brasil precisa ser apresentado a uma relação saudável do país público com o privado. Acabar com as negociatas e o jeitinho são premissas essenciais para se ganhar uma chance de ingresso no clube das nações desenvolvidas.
Outro campo em que há enorme espaço para mudança é o do empreendedorismo e, nesse aspecto, o governo de Jair Bolsonaro se mostra disposto a ir na direção correta. Por obra e graça de antagonismos ideológicos, mas também pelos desvios do capitalismo de compadrio, incentivou-se no Brasil a noção de que os empresários devem viver atados ao Estado e soterrados por leis, normas e regulações. Não há emprego ou renda e, portanto, desenvolvimento sem que a livre iniciativa de fato possa florescer. Desburocratizar, simplificar o cipoal tributário e eliminar o ranço trabalhista que sufoca a vontade de empreender e leva milhões à informalidade são urgências para o presidente e os governadores que agora tomam posse.
Não faltam, como se vê, desafios aos novos governantes. A partir desta terça-feira, não há mais espaço para titubeios ou postergações. Mãos à obra para a mudança é o desejo do Brasil.