Eleitores de todo o país voltam às urnas neste domingo para uma decisão presidencial em segundo turno e para eleger o governador no Distrito Federal e nos 13 Estados nos quais não houve definição na primeira etapa, caso do Rio Grande do Sul. É importante que, antes da decisão final, os brasileiros possam aproveitar a trégua da campanha para uma reflexão sobre o que acompanharam desde o início, facilitando as condições para fazer suas escolhas de forma consciente. O que for definido agora terá influência direta na vida dos cidadãos nos próximos anos.
No caso específico da sucessão em âmbito federal, a campanha eleitoral foi marcada por circunstâncias atípicas para um segundo turno e por uma polarização radicalizada. Um ambiente marcado por tantas divisões acabou estimulando os candidatos a ressaltar mais supostos aspectos negativos dos oponentes do que as próprias pretensões de cada um. Esse, portanto, é o momento de desarmar espíritos, avaliando e ponderando o que cada candidato defendeu como prioridade caso venha a ser eleito como gestor público.
A reflexão é necessária, mesmo com essa particularidade de as propostas, de maneira geral, terem se mostrado superficiais, sem detalhamento. E, muitas vezes, sem viabilidade prática, por não preverem os recursos orçamentários para bancá-las. Esse, aliás, tem sido o padrão das últimas campanhas, ao longo das quais pretendentes a cargos executivos procuram não se comprometer claramente com iniciativas que são fundamentais para garantir a governabilidade, mas têm potencial para levá-los a perder votos. A democracia ganharia mais se escolhas tão relevantes para o Estado e para o país por parte dos eleitores pudessem ser feitas com o máximo de informação e de transparência.
É importante que o eleitor tenha consciência do fato de a democracia não se restringir ao comparecimento à seção eleitoral, mas de se constituir num processo de acompanhamento constante. Um regime democrático como o que o país busca aperfeiçoar a cada pleito tem a ver com o bom funcionamento do Estado e de suas instituições, às quais cabe garantir fiscalização permanente e segurança jurídica. São esses os pressupostos capazes de permitir, por parte dos governos federal e estadual, maior bem-estar para a população, a partir de um cenário adequado para a retomada do crescimento de forma sustentável.