Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
O cenário da campanha eleitoral aponta certas tendências denotadas pelas pesquisas e análises veiculadas na mídia. A sociedade mostra insatisfação e preocupação com o futuro. Desacredita como nunca dos políticos, aos quais associa corrupção, falta de princípios éticos e descomprometimento moral. Contudo, as câmaras legislativas estaduais e federais tendem a apresentar baixíssima taxa de renovação. Mesmo os novos nomes que aparecerão serão, na sua maioria, egressos da mesma conjuntura política atual. Suas ações estarão coordenadas pelas corporações e, com isso, as reformas estruturantes serão minimizadas. A tão necessária reforma para melhorar a política, certamente, será aviltada como já o foi a última, pois a classe política dominante se encarregará da autopreservação.
Pesquisas mostram que o cidadão brasileiro é pouco disposto a uma mobilização política voluntária para pressionar a reforma do status quo. O trabalhador, que gera sua renda desvinculado das minorias ideológicas ou de programas assistencialistas, tem receio com o futuro e, de forma desorientada, busca nos candidatos a identificação da verdade do simples. Conscientes de que a realidade que aí está não serve mais, não têm a mesma convicção sobre o que deve substituí-la. Querem políticos empáticos e objetivos, libertos da velha e tradicional politicagem. Estão sensíveis a quem demonstre coragem afirmativa embasada numa ficha limpa, representando uma “nova política”. Em suma, visam um candidato honesto, que cumpra o prometido, incorruptível e que saiba o que precisa ser feito, demonstrando transparência.
Ainda assim, postulantes ao Executivo apresentam programas utópicos, sem apontar como, efetivamente, poderão realizá-los. A campanha terá prazo exíguo e tempo de televisão conjugado, ação das redes e das fakenews, domínios dos “coronéis” e contribuições ilegais do mundo venal e das drogas, entre outros, que irão influenciar os resultados. Vivemos um cenário de incertezas, onde o único caminho é a promoção de profundas reformas, mas, sem um efetivo movimento da sociedade organizada, as perspectivas do país são limitadas. No entanto, há luz no fim do túnel: começa a crescer, entre lideranças e entidades inclusivistas, a consciência da relevância do papel de cidadania política visando contribuir para as reformas e mudanças que o Brasil tanto precisa.