Por Henry Chmelnitsky, Presidente do Sindha – Sindicato de Hospedagem e Alimentação de POA e Região
Estamos a todo tempo falando do problema e muito pouco dos responsáveis. Digo isso porque, de maneira geral, nos desgastamos e investimos nossas energias para analisar uma situação crítica e, ainda que a tarefa seja necessária, falamos apenas nas entrelinhas sobre os agentes envolvidos e suas escolhas.
Penso que sejam comportamentos sintomáticos e a causa está relacionada a um problema ainda mais grave: as pessoas estão sempre terceirizando suas responsabilidades. Dos compromissos mais simples até uma grande tomada de decisão, tarefas estão sendo atribuídas a terceiros enquanto o que resta é assistir o caos ser instaurado, sem mencionar as atitudes que assinam a barbárie e, principalmente, sem fazer a autocrítica de que estão se eximindo daquilo que deveriam assumir.
Em evento recente, uma senadora gaúcha falou daquilo que chama de "terceirização da ética", em que políticos e sociedade como um todo repassam o dever e não mensuram os impactos dessa terceirização. É inegável o fato de que uma das principais razões que nos trouxeram a esse atual cenário foi terceirizar aquilo que deveríamos assumir, a nossa responsabilidade.
Esse ato, que leva à omissão, não pode ser admitido em uma época de eleições e mudanças, tampouco em outras esferas coletivas em que estamos inseridos o ano inteiro. Uma "simples" reunião de condomínio? Sugiro que esteja presente sem permitir que se posicionem por você. Falo por mim e pela atuação do Sindicato em uma cidade que está doente: não há tempo para passividade, e é como temos agido, expondo ações e tomando a responsabilidade que nos cabe.
É tempo de retomar deveres que nunca deveriam ter sido colocados à margem da rotina de um cidadão que participa, fiscaliza, cobra e se coloca no mundo como pessoa ativa em tudo que faz e está envolvido. Só assim, com a garantia da responsabilidade e do comprometimento, é possível mudar, e mudar a partir de agora, para um presente e futuro baseados em pouca culpa e mais ação.