Pedro Guimarães, sócio da McKinsey
Eduardo Navarro, sócio-associado da McKinsey
As empresas brasileiras estão longe de voar por um céu de brigadeiro. No caso das companhias localizadas no Rio Grande do Sul, a situação não é diferente. A conjunção formada pelo aquecimento baixo do PIB nacional e a difícil situação fiscal do Estado fragiliza a economia gaúcha como um todo. Além disso, em alguns segmentos, existem indústrias centrais, com grande peso dentro de sua cadeia específica; quando o cenário se torna mais difícil para elas, o problema se espalha rapidamente.
Como superar esse desafio? A McKinsey analisou dezenas de variáveis em centenas de companhias e encontrou um número não muito grande de causas que explicam 80% dos ganhos ou perdas de desempenho das empresas. Em primeiro lugar, setor importa. Havia 12 empresas de tabaco entre as companhias estudadas, e nove delas estavam entre as melhores de todo o levantamento. Por outro lado, havia 20 fabricantes de papel – e nenhuma fazia parte dos destaques. O setor importa tanto que, normalmente, é preferível ser uma empresa média em um grande segmento do que uma empresa grande em um segmento pequeno.
Outro fator crítico que explica o sucesso ou o fracasso das empresas é a geografia ou, mais precisamente, a taxa de crescimento do país ou da região onde ela e o seu mercado estão localizados. Somadas, as tendências setoriais e geográficas explicam 25% da capacidade de uma empresa melhorar os seus resultados financeiros.
A boa notícia é que isso não é tudo – nem o mais importante. Cerca de 30% da capacidade de uma empresa melhorar seu desempenho está atrelada a indicadores financeiros, como investimento passado em pesquisa e desenvolvimento (que quantifica inovação), seu nível de endividamento e seu faturamento (tamanho). Outras ações atreladas ao sucesso corporativo são fusões e aquisições “disciplinadas”, que representem não mais do que 30% do valor de mercado da companhia (de modo a não impactar fortemente a dívida), uma obsessão com aumento da produtividade e a busca constante por diferenciação dos produtos.
Setor e geografia importam, sem dúvida. Mas não são tudo – uma sinalização importante para as empresas gaúchas.