Por Claudio Teitelbaum, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Chile e do Crias
Uma das principais razões pelas quais os Estados Unidos se tornaram uma superpotência econômica foi ter optado, na década de 30, por investir em uma infraestrutura de transportes de classe mundial. A recessão que vivemos hoje no Brasil é muito parecida com a do início da década de 30 nos Estados Unidos. Tivemos uma drástica queda do PIB e a recuperação será lenta e gradual. Ao longo de quase 100 anos não nos planejamos e investimos de forma equivocada e insustentável. Carecemos de obras de infraestrutura em todos os modais de transporte. Por sua vez, a falta de investimentos gera aumento significativo do chamado Custo Brasil, reduzindo a competitividade de nossas empresas no mercado internacional.
O CBC colocará nosso estado em contato direto com os países da Ásia-Pacífico
Nos dias 6 e 7 de junho Porto Alegre será palco de intensa discussão sobre a integração dos países da América do Sul, num evento promovido pelo Comitê das Rotas de Integração da América do Sul (Crias) e pelo governo do Estado do RS. Lideranças tratarão da integração com lições aprendidas por especialistas sul-americanos.
Um dos projetos de maior importância para integrar algumas das regiões mais produtivas da América do Sul é o Túnel Paso de Água Negra, entre Chile e Argentina, na região de Coquimbo e que integra o chamado Corredor Bioceânico Central (CBC), cruzando a Cordilheira dos Andes. Este projeto, com financiamento já aprovado pelo BID de US$ 1,5 bilhão, interligará por via rodoviária os Portos do Pacífico com o Atlântico e contemplará o Norte do Chile, o Centro Norte da Argentina e o Brasil, ingressando por Uruguaiana, chegando a Porto Alegre via BR-290 e ao Porto de Rio Grande via BR-116. Com 2.472 km de extensão, apresenta um gargalo na travessia dos Andes e carências em trechos rodoviários, como no caso da BR-290, que necessitará ser duplicada entre Porto Alegre e Uruguaiana. Mesmo com todas estas carências, 50% das exportações do Rio Grande do Sul ao Chile e 63% das importações ocorrem via terrestre, passando pelo Porto Seco de Uruguaiana.
O CBC colocará nosso estado em contato direto com os países da Ásia-Pacífico e será o elo mais forte da corrente de integração sul-americana com outras regiões. É hora de planejarmos. Assim, quem sabe, iniciaremos um ciclo de desenvolvimento sustentável.