"Vocês ouvirão falar muito nos próximos anos em desemprego tecnológico. Novas descobertas de meios para economizar o uso de mão de obra superam o ritmo em que encontramos novos usos para essa mão de obra. Em breve chegaremos a um ponto, muito antes do que imaginamos, em que as necessidades econômicas serão satisfeitas e preferiremos dedicar nossa energia a propósitos não econômicos."
Não é de hoje que a tecnologia é uma máquina de destruir trabalho.
Robôs que atendem clientes e fazem sushi: é apenas o início de tudo que ainda vamos experimentar com a 4ª Revolução Industrial. Impossível falar de futuro do trabalho sem falar de veículos autônomos substituindo motoristas. Porém, não enxergamos que eles podem acabar com pelo menos 50 profissões, de acordo com o futurista Thomas Frey. Entre elas, instrutor de autoescola, repórter de trânsito, instalador de radar e aplicador de bafômetro. Como não ter medo diante disso?
Mas não é de hoje que a tecnologia é uma máquina de destruir trabalho. Funções operacionais são substituídas por automação há muitos anos. O que permanece? Identificar e resolver problemas dos outros, com criatividade e inovação.
Se você quiser que seu ativo profissional se mantenha atraente, precisa entender a diferença entre habilidades transferíveis e competências técnicas. As últimas são usadas para executar tarefas e facilmente repassadas para robôs e inteligência artificial. As primeiras são usadas para resolver problemas e podem ser aplicadas em diferentes contextos. Não vejo robôs sendo criativos, testando a fronteira da ciência e conectado ideias aparentemente desconexas.
Uma parte do futuro é possível prever, outra não. Para nos mantermos conectados ao futuro, só vejo uma opção: usar parte do nosso tempo e dinheiro para investirmos durante a vida toda em microeducação. E em projetos pro bono ou que gerem receita, que desenvolvam cada vez mais habilidades transferíveis e nossa rede de relacionamentos. Como diz Reid Hoffman, fundador do LinkedIn, o que vale hoje é o "Eu elevado a nós". Sozinhos não vamos longe.
Por fim, sonho com o dia em que teremos realmente mais lazer. O trecho que abre o artigo é de 1930. Escrito por John Maynard Keynes, no Possibilidades econômicas para nossos netos. Mais uma furada de Keynes.