Quem escreve literatura de ficção ou poesia sabe o valor que cada palavra assume no texto.
Descobrir a palavra exata no seu romance ou poema é o grande desafio de escritores e poetas. Confessam que o bom resultado de suas obras vêm de vinte por cento da inspiração e oitenta por cento de puro suor.
Suor na busca pela palavra certa.
Le mot juste que Flaubert consagrou.
E para ser a palavra certa não basta que ela realize a simples tarefa de traduzir uma ideia.
Há que ser muito mais do que isso, precisa causar um efeito. E toda glória da obra vai depender da emoção que cada palavra causará em seus leitores.
Mas nem só os poetas ou os romancistas precisam ter na manga esse truque.
Em qualquer situação que se queira causar um efeito, há que tomar cuidado com as palavras do discurso para convencer o público de nossos argumentos.
Vejamos pois, "empoderamento".
Ô palavrinha bem estranha. Em grandiosos e justos discursos da nobre causa feminista, suas militantes usam e abusam dela. Claro que na melhor das intenções, não tenho dúvida.
Observo um número bem significativo de descontentes com a tal palavra. Basta acessar as redes sociais e ver que uma legião de internautas e leitores faz a mesma crítica e a pergunta: por que "empoderamento"?
Sabemos que se originou da língua inglesa, empowerment.
Nada contra socorrer-se de outra língua para enriquecer um argumento. Mas, procurando melhor no dicionário, encontramos uma tradução mais simpática: "capacitação".
A causa é justa, a palavra nem tanto
Então, mulheres livres e donas de seus corpos e almas seriam melhor definidas como pessoas "capacitadas" para seguir suas vidas independentes.
Cabe dizer que simpatizo com a causa feminista e nunca recusaria qualquer convite para debater, falar ou mesmo lutar por ela, mas sinto um engasgo quando ouço falar sobre a luta por "empoderamento".
Mas a palavra está aí, nos foi posta.
E, para os descontentes como eu, talvez não haja outra saída a não ser ficar na torcida para que seja só uma moda e, como todas as outras, passe logo.
Empoderamento. A causa é justa, a palavra nem tanto.