O resultado das eleições na Itália é um alerta para o Brasil e para o restante do mundo. País sabidamente envolto num emaranhado de burocracia, corrupção e privilégios, além de um déficit público assustador, a Itália resolveu ceder à tentação do populismo e das promessas de soluções fáceis. Em boa parte influenciados pelo desencanto com a política, os italianos estão agora diante do desafio de formar um novo governo sem que haja uma maioria clara e com um parlamento dividido.
Opções nas urnas têm consequências que incidem sempre sobre o conjunto da população
No ano passado, a Itália conseguiu retomar o crescimento econômico pela primeira vez nos anos 2000, abaixo da média europeia, mas suficiente para atenuar um pouco o desemprego. Ainda assim, o país se debate com problemas crônicos, no âmbito político e econômico. O Partido Democrático, de centro-esquerda, chegou a ensaiar uma série de reformas obrigatórias na gestão e nas benesses estatais. Mas, como ocorre no Brasil, as vozes populistas falaram mais alto. A vitória ficou com partidos que criam inimigos comuns _ sejam eles o euro ou os imigrantes _ e se negam a admitir que a solução começa pelo dever de casa das contas públicas.
É um mau sinal quando a irresponsabilidade fiscal e a exaltação de líderes sabidamente corruptos se sobrepõem à racionalidade e à defesa da ética acima de tudo. Exemplos do impacto desse tipo de política não faltam. O que falta são os eleitores se convencerem de que opções nas urnas têm consequências que incidem sempre sobre o conjunto da população.