As democracias modernas são fruto de séculos de desenvolvimento da Civilização Ocidental. De um modelo autocrático no qual o povo servia a uma autodeclarada nobreza, evoluímos para um modelo no qual o Estado deve(ria) servir à população, garantindo especialmente que as pessoas possam exercer sua liberdade livres de qualquer tipo de coerção.
No caso brasileiro, em algum momento perdemos uma curva e nos desviamos do rumo. Isso gerou uma corruptela na qual ainda que as instituições básicas aparentemente se mantenham, internamente acabaram por se distorcerem a ponto de o povo novamente existir para servir ao Estado. As muitas razões para essa situação têm sintomas claros no fato de a maioria das pessoas não se sentirem representadas pelo parlamento eleito e origem possivelmente em distorções como a obrigatoriedade do voto e a centralização da legislação e arrecadação de tributos em Brasília.
Seja como for, como sociedade, chegamos ao limite. O próprio tema do próximo Fórum da Liberdade, “A Voz da Mudança”, aborda esse novo paradigma, em que se vê claramente um aumento do envolvimento e fiscalização da sociedade com o que é feito da coisa pública. Essa reconciliação entre os indivíduos e o seu papel como cidadãos pode ser vista na prática com a iniciativa capitaneada pelo Instituto Cultural Floresta, de arrecadar fundos relevantes para a compra de carros e equipamentos para as nossas polícias.
A participação da sociedade na resolução de ineficiências do Estado, ainda que seja fundamental para vencermos esse momento de crise, não pode se confundir ou se converter em novos tributos. Deve ser um alerta para repensarmos o tamanho e as prioridades do Estado. Não deve, da mesma forma, ser vista como uma ação exclusiva de empresários, mas como um chamado para cada cidadão buscar o seu papel nessa transformação. Temos que buscar maneiras de garantir de forma sustentável que o Estado se limite a cumprir bem as funções básicas de segurança, educação e saúde fundamentais. Uma polícia respeitada e bem aparelhada, é o primeiro passo para buscarmos os demais.