É preocupante o número de pessoas que reproduzem notícias e fatos inventados, mentiras e manipulações. Recente estudo realizado por pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), publicado na revista Science, revela que são os próprios usuários da rede e não os programas de computador os responsáveis pelo maior sucesso da mentira. A notícia política falsa, revela o estudo, é a campeã absoluta, espalha-se com uma velocidade muito maior do que as demais. Por que isto acontece? Nem a comunidade científica sabe ainda, e recomenda, na mesma edição da Science _ a 8 de março _ , que é preciso estudar as forças sociais, psicológicas e tecnológicas existentes por trás das fake news.
Somente cidadãos conscientes e com posições fundamentadas, baseadas em fatos verídicos, poderão contribuir para um país melhor
BALALA CAMPOS
Jornalista
Que revolução é esta na comunicação que trouxe capacidade de manipulação maior ainda? Julgávamos que o fato de qualquer cidadão poder expressar sua opinião era algo totalmente positivo e promissor. O avanço do processo, e especialmente a comprovação de que as fake news influenciaram fortemente o resultado das eleições nos EUA, Itália e Rússia, alertou a humanidade para um grande perigo, ao qual os países desenvolvidos já estão atentos. É preciso agir com firmeza para impedir um retrocesso em termos de afastamento da realidade e decisões da sociedade embasadas em falsas realidades.
Conhecimento e informação não são a mesma coisa. O conhecimento exige aprofundamento, reflexão, análise, o exame do contraditório, entre outras atitudes que implicam tempo e dedicação. Somente cidadãos conscientes e com posições fundamentadas, baseadas em fatos verídicos, poderão contribuir para um país melhor.
O tudo ou nada, o contra ou a favor que permeiam as redes sociais são o retrato de uma população com opiniões míopes, visões sectárias e pouco abrangentes. A imprensa tradicional, baseada em exame aprofundado das fontes e dos fatos, com versões de ângulos diversos, tem, mais do que nunca, um papel fundamental para a formação de cidadãos conscientes e capazes de serem agentes de mudanças positivas. Ao transformar cada pessoa em gerador de conteúdo, sendo ao mesmo tempo um jornalista e um editor, as redes sociais passaram a exigir de cada um de nós um grau correspondente de responsabilidade e de compromisso ético. Afinal, ser gerador de informação não é para amadores.