Eleição é sinônimo de promessas sobre educação. Mas frases feitas não significam conhecimento – e nem a priorização – da qualidade do sistema de ensino brasileiro. O mesmo vale em âmbito estadual, quando observamos o Rio Grande do Sul, que, por mais que apresente um diagnóstico educacional melhor do que outros entes federados, ainda tem um longo caminho pela frente na busca por garantir educação básica pública de qualidade para todas as crianças e jovens gaúchos.
Chegou a hora de colocarmos a educação pública no centro do projeto de Estado e de nação que queremos.
Um exemplo: ainda que a legislação tenha tornado obrigatória a matrícula de todas as crianças de quatro e cinco anos, a exigência não é cumprida. Em 2015, segundo o IBGE, 20,4% da população dessa faixa etária estava fora da escola no Rio Grande do Sul – um total de 51 mil crianças.
No Ensino Fundamental, os desafios também são enormes, especialmente quando observamos a aprendizagem. Segundo a Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) de 2016, cerca de 49% dos alunos da rede pública no Rio Grande do Sul com oito anos não apresentavam nível de proficiência suficiente em leitura e matemática. Isso significa que eles não conseguem identificar informações explícitas no meio ou no final de um texto, por exemplo. Também não sabem fazer subtrações com números maiores que 100. Sem o básico, essas crianças terão muita dificuldade em aprender nos anos seguintes, como evidenciado pelos dados do Ensino Médio. De acordo com o IBGE, o Rio Grande do Sul ainda tinha 17% dos jovens entre 15 e 17 anos fora da escola em 2015. A maioria deles frequentou a escola, mas não aprendeu o que era seu direito aprender; muitos reprovaram algum ano e passaram a ver mais sentido em uma vida fora da escola.
2018 apresenta-se como uma janela de oportunidades para o Rio Grande do Sul e, claro, para o país. Chegou a hora de colocarmos a educação pública no centro do projeto de Estado e de nação que queremos. Precisamos que essa centralidade seja política, com uma agenda estruturante que enfrente nossa crise de aprendizagem de forma sistêmica. Educação já!