De todas as tragédias no trânsito no Carnaval, uma se sobressaiu no Estado: um salvador de vidas, o médico oncologista Jonatas da Fonseca Conterno, foi morto em acidente aos 36 anos, enquanto pedalava às margens da RS-153, por um irresponsável preso em flagrante por homicídio culposo e embriaguez ao volante. Por mais que esse tipo de ocorrência pareça improvável hoje, depois de tantas campanhas de conscientização e de aumento no rigor da lei, o fato concreto é que, só no ano passado, cerca de 2 mil condutores foram levados a delegacias no Estado por dirigirem alcoolizados. Mudou o ano e as estatísticas resultantes da falta de bom senso por parte de um número elevado demais de motoristas persistem.
Respeito a ciclista é princípio básico, mas álcool na direção deveria, antes de mais nada, ser rechaçado pela sociedade e, ao mesmo tempo, punido sempre com toda a severidade. Nada vai amenizar essa tragédia, que provocou comoção em Passo Fundo, onde o profissional trabalhava no Hospital da Cidade. Que a morte do médico na rodovia sirva, pelo menos, para reforçar a conscientização e reafirmar a necessidade de um definitivo endurecimento na aplicação da lei contra a irresponsabilidade.
Como adverte o médico Flavio Pechansky, diretor do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas do Hospital de Clínicas, a sociedade, normalmente tão contundente no debate sobre questões que vão do futebol à política, tende a se omitir numa questão relevante como dirigir sob o efeito de álcool. Com isso, esquece que todos se tornam vítimas em potencial da insensatez, incluindo o próprio motorista. Ao beber antes de dirigir, o condutor perde a capacidade de discernimento. O basta a esse comportamento irresponsável depende da aplicação do rigor da lei, mas sobretudo de conscientização por parte de um número cada vez maior de pessoas.