A bolsa brasileira começou 2018 com um forte desempenho, acompanhando os mercados internacionais. No ambiente interno, a condenação do ex-presidente Lula pelo TRF4 impulsionou a alta registrada em janeiro. Nesse cenário, o Ibovespa fechou o mês passado com um ganho de 11,1%, enquanto o dólar recuou 4,4%.
A decisão do TRF4 tira o risco de uma candidatura de Lula, que pesava no mercado brasileiro. Além disso, o país mostrou que ninguém está acima da lei. Um ex-presidente condenado e, possivelmente preso em algum momento, é uma demonstração de maturidade da democracia e das instituições do país.
Eliminado o risco de um corrupto condenado e radical assumir a Presidência, o país começa a olhar para questões mais importantes. A reforma da Previdência e as eleições são os principais eventos domésticos que devem influenciar o andamento dos mercados e da economia no resto do ano. O ajuste fiscal e a reforma do Estado brasileiro são os temas que esses dois eventos trazem em comum. A questão da Previdência é essencial para a sustentabilidade das contas públicas. Já a discussão sobre o Estado brasileiro será fundamental, visto que o gasto atual não entra no orçamento.
Esse debate não deve ser simplificado entre estado máximo contra estado mínimo. A discussão deve ser para reformar um Estado que definitivamente não funciona. O Estado hoje não existe para servir à sociedade, serve apenas aos seus funcionários. A principal função das estatais é distribuir cargos a afilhados políticos, como estamos vendo no caso da Eletrobras. A resistência que a privatização da elétrica tem encontrado no Congresso ocorre porque nenhum partido quer abrir mão da influência que tem na empresa.
Esse quadro nas estatais deve ter leve melhora já em 2018 com a implementação da Lei de Responsabilidade das Estatais. O critério para as nomeações da diretoria e conselho de administração deverá ser técnico. Ainda assim, a empresa não estará livre da interferência política, como vimos na Petrobras. Diversos diretores da companhia condenados por corrupção no petrolão eram funcionários de carreira da empresa. Certamente, não faltam técnicos deslumbrados com a possibilidade de ascensão e dispostos a servir ao poderoso de plantão.
Em 2018, o país terá a possibilidade de discutir amplamente todas essas questões e escolher o caminho que quer tomar. Até o fim do ano, teremos claro se vamos caminhar para uma modernização que pode abrir a possibilidade de crescimento sustentável, ou se continuaremos patinando na mediocridade.