São promissores os números divulgados no mês em que a Balada Segura, instituída há sete anos pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran), comemora mais um aniversário. Nesse período, houve uma redução de 40% no número de motoristas flagrados alcoolizados. O resultado, referente ao ano passado, demonstra que, em consequência desse tipo de estratégia, voltada para a conscientização, cada vez mais condutores vêm mudando de atitude quando saem para beber. O montante poderia ser ainda maior, mas os dados obtidos até agora animam os organismos de fiscalização a persistir no rigor contra os que põem em risco a sua vida e a de outros no trânsito.
A alteração de hábitos, registrada gradativamente nos últimos anos, inclui desde a orientação de alguém da família ficar sem ingerir álcool para dirigir na volta até o maior uso de transporte por aplicativo. Mudanças comportamentais exigem tempo para dar resultado. De nada adianta o rigor de uma lei como o Código de Trânsito Brasileiro se não houver a determinação de aplicá-lo cotidianamente na prática, sempre com o objetivo prioritário de conscientizar os motoristas, não simplesmente de arrecadar mais.
No caso da Balada Segura, quem é surpreendido pelo bafômetro costuma alegar que bebeu pouco. E é levado a ouvir dos integrantes da operação que, no caso, importa menos a quantidade, mas sim o fato de que um mínimo de ingestão de álcool pode ser suficiente para facilitar ocorrências fatais no trânsito. Mesmo a aplicação de multa tem caráter didático. O motorista mais resistente, convicto de que beber pouco não interfere na sua capacidade de dirigir com segurança, tende a adotar uma nova postura a partir do momento em que sofre alguma sanção.
Por isso, é importante que esse tipo de operação, presente hoje em 33 cidades, além de Porto Alegre, continue a se ampliar no Estado. E, principalmente, que a fiscalização persista também no seu papel de conscientizar. É isso o que pode assegurar uma mudança de mentalidade, a médio e longo prazos, na visão dos motoristas, em relação à incompatibilidade entre a ingestão de álcool e a condução de veículos.