Muitas campanhas pela paz no trânsito não tocam no ponto principal: as perturbações mentais que algumas pessoas têm ao assumirem o volante. O motorista alcoolizado, ansioso, fóbico é um perigo ambulante. Ele é um assassino e suicida em potencial e precisa de ajuda.
O costume de colocar a culpa no Sr. Trânsito não só minimiza a culpa e a responsabilidade do motorista como também pode estimular aqueles que usam o carro como uma arma.
Nossas campanhas de trânsito pela diminuição das mortes deveriam ser mais agressivas e focadas no motorista. Mesmo nas péssimas estradas, não haveria tantas mortes se não houvesse tantos motoristas com transtornos ao volante.
Aqueles que dirigem em alta velocidade provavelmente são fóbicos e têm um grande medo inconsciente de acidentarem-se
CARLA ROJAS BRAGA
Psicóloga
Aqueles que dirigem em alta velocidade, com uma pressa enorme para chegar, provavelmente são fóbicos e têm um grande medo inconsciente de se acidentarem. Por isso, acham que precisam chegar logo para se sentirem tranquilos. Num mecanismo de defesa inadequado e ineficiente, acabam arriscando-se mais e acidentando-se. Ás vezes, até bebem antes de dirigir para se "acalmarem". Como realmente se acidentam, acabam confirmando a fantasia de que é perigoso estar na estrada e, na próxima viagem, acelerarão mais até morrerem ou matarem.
Outro grupo é o dos motoristas com transtorno de humor, que, quando têm alguma discussão com algum familiar durante a viagem, usam o carro para punir seus acompanhantes. Dirigem loucamente, em alta velocidade, para assustá-los e covardemente encerrar a discussão. O processo mental perverso é parecido com o de um sádico.
Claro que também existem aqueles que usam o carro para substituir algum problema de potência sexual. Dirigem armados, mas só com o automóvel.
E quem não busca os filhos nas festas? Na minha opinião, de nada adiantam as campanhas que sugerem que a gurizada pegue carona para voltar para casa depois de beber.
Ora, quem está bêbado por acaso tem discernimento para poder dar-se conta de que o amigo também bebeu? A maioria das mortes no trânsito na cidade acontece entre jovens de 16 a 28 anos, de madrugada, a caminho de casa, depois de uma balada. Não use o carro como uma arma. Procure ajuda. Neste final de feriado, se você identificou alguém descrito aqui, salve uma vida. Inclusive a sua.