O ano de 2018 será marcado pelas eleições presidenciais e, a exemplo do que ocorreu na campanha eleitoral de Donald Trump, nos Estados Unidos, também no Brasil a disputa terá como um de seus principais palanques as redes sociais. Num cenário dominado pela pós-verdade, no qual as mentiras se propagam velozmente e sem qualquer controle, os próximos meses serão também caracterizados por alguns desafios importantes. Um deles refere-se ao senso de responsabilidade dos candidatos. Outro, à capacidade de discernimento dos eleitores, que precisarão se mostrar mais conscientes sobre o que compartilham e valorizar mais os conteúdos chancelados por veículos da mídia impressa, que, diferentemente das redes sociais, não se limitam a veicular informações de interesse particular como verdades.
Não por acaso, são justamente os veículos de mídia, com a preocupação de apurar o que divulgam, os que mais sofrem ataques por parte de quem não admite o questionamento, o contraditório e prefere simplesmente impor versões a fatos. O que vale, no caso _ e quem compartilha esse tipo de conteúdo nem sempre se dá conta disso _, é a "verdade" transmitida de forma unilateral.
Preocupadas com a repercussão nas urnas desse tipo de tendência, instituições como a Justiça Eleitoral já se preparam para agir. A intenção é fazer valer a lei no caso de excessos com maior potencial para causar prejuízos a um ou outro candidato ou mesmo ao próprio processo eleitoral, que precisa ser decidido na base da argumentação e do voto. Ainda assim, essa é uma missão difícil, particularmente no que diz respeito ao mau uso de aplicativos de mensagens que, em princípio, circulam criptografadas pelas redes.
Menos mal que, como demonstra pesquisa recém divulgada pelo Datafolha, os brasileiros usam cada vez mais as redes sociais e aplicativos de mensagens, mas apenas uma pequena parcela considera realmente confiáveis todas as informações veiculadas pela internet. A confiança é incomparavelmente maior no caso de jornais impressos e programas jornalísticos de televisão aberta.
A deformação no uso das redes sociais reforça o papel da mídia de forma permanente, mas com mais ênfase ainda em períodos decisivos como promete ser 2018. As eleições vão decidir o futuro do comando político do país, não quem tem mais condições de emplacar fake news como verdades entre quem tem pouca ou nenhuma preocupação com o discernimento.