O Enem 2017 conta com 6,7 milhões de estudantes inscritos para testar seus conhecimentos e buscar uma vaga na educação superior, afinal, a nota obtida pode garantir matrícula em 2018. Desejamos boas provas a todos!
Incentivamos que ousem ter utopias e persistam em seus sonhos, lutando por eles. Mas é dever da sociedade não vender ilusões, nem aceitar mentiras. No caso do acesso à educação superior, os brasileiros precisariam olhar para o mundo e verificar que nos acostumamos com critérios intoleráveis em outros países.
Precisamos acabar com essa carnificina a que submetemos nossos jovens.
Por exemplo, você sabia que os exames vestibulares foram criados no Brasil e só existem aqui? E imagina que, apesar de grande parte da mídia mencionar o "Enem americano", as provas realizadas por estudantes nos EUA (SAT) não são aceitas sozinhas para ingresso em nenhuma das melhores instituições por lá?
As notas do SAT são usadas pelas universidades dos Estados Unidos para escolher seus alunos, mas sempre em conjunto com outros critérios como histórico escolar, notas no Ensino Médio, cartas de recomendação e participação em atividades extracurriculares. Acredita-se que o mérito tem várias origens: pode ser se destacar em concursos de matemática, esportes, artes, ações políticas e sociais etc. Estas atividades ampliam as chances de obter vaga numa universidade de prestígio. Conclusão: não existe Enem ou vestibular nos EUA, sendo as avaliações muito mais amplas e complexas do que simples provas.
E o mundo não vive só na lógica meritocrática. Há outro paradigma em que se afirma o direito (e não o privilégio) à educação superior. Difícil imaginar? Nossos vizinhos argentinos e uruguaios não possuem Enem ou vestibular. Eles terminam o ensino médio e matriculam-se na educação superior...
Em resumo, vestibular e Enem são medidas inventadas para legitimar a exclusão educacional. Alguns dados: em 2015 o Enem teve 8 milhões de inscritos confirmados. Destes, 60% se frustraram, pois só 3 milhões fizeram matrícula na educação superior em 2016. Apenas 6% entraram nas sonhadas universidades públicas (500 mil). E o Sisu foi um funil ultra apertado: meras 230 mil vagas. São estatísticas devastadoras.
Precisamos acabar com essa carnificina a que submetemos nossos jovens. Chega de forçá-los a competir por parcas vagas, fingindo que basta esforço... jogando o ônus do fracasso (certo para a ampla maioria) nos ombros de estudantes esperançosos, vítimas de uma lógica excludente. Educação deve ser direito e não privilégio. Fim dos vestibulares e do Enem!