No dia 1º de outubro de 2017, a região autônoma da Catalunha votou pela sua independência em relação à Espanha, obtendo mais de 90% dos votos _ número este bastante expressivo, considerando-se o total de eleitores que compareceram às urnas. Apesar disso, a separação unilateral da região da Catalunha é uma medida totalmente ilegal aos olhos do Direito espanhol.
Consoante a Constituição de 1978, a Espanha permite a ampla autonomia de certas regiões justamente como forma de reconhecer a multiculturalidade existente no interior do Estado, apesar de todos serem parte de um único "povo soberano", mantendo-se, assim, a unidade do Estado. Logo, a votação para a proclamação da independência da Catalunha torna-se ilegal quando não autorizada pelo governo central. Assim, é permitido ao governo espanhol conter os ânimos separatistas dos catalães por intermédio da dissolução do governo local, como previsto na sua Constituição.
Por outro lado, o Direito Internacional igualmente veda a separação do território. Consoante o princípio da autodeterminação dos povos, só seria permitido a um povo unilateralmente declarar-se independente do Estado no qual ele está situado no caso de ter os seus direitos tolhidos pelo governo central, de modo que não consiga expressar as suas diferenças e particularidades. Caso essa opressão não seja visualizada, não é possível a declaração de independência _ mesmo com o apoio populacional massivo. Este é exatamente o caso da Catalunha. Em razão de o governo central espanhol permitir-lhes uma autonomia ampla em matéria econômica e social, o reconhecimento da autodeterminação no plano externo resta impossibilitado.
Contudo, a violência levada a cabo pelas forças policiais para sustentar a integridade territorial após a votação mostra-se positiva para os anseios dos catalães, os quais podem utilizar-se desses atos para sustentar a sua separação com base na existência de opressão de seus direitos humanos, o que não parece estar sendo levado em consideração pelo governo central, terminando por esvaziar cada vez mais o seu discurso de manutenção da unidade territorial.