Determinado em abril, o contingenciamento de verbas pelo Planalto com o objetivo de conter o déficit primário atingiu também as universidades federais. O resultado concreto, a essa altura do ano letivo, são prejuízos tanto para a qualidade do ensino em sala de aula quanto para as pesquisas em laboratórios. Diferentemente do que ocorre em áreas como saúde pública, na qual a falta de verbas produz efeitos visíveis e imediatos, muitas vezes com a suspensão do atendimento, no meio acadêmico os danos são silenciosos. Ainda assim, preocupam, pois interferem na formação de universitários e, em consequência, acabam prejudicando toda a sociedade à qual prestarão serviços depois de se tornarem profissionais.
Os ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações reconhecem os cortes e os seus efeitos. Insistem, porém, que os repasses estão em dia. Cobradas a se adequarem a uma realidade de escassez, as instituições federais de ensino superior alegam que já não dispõem de mais margem para redução de custos. Isso significa que, sem um reforço nas verbas, hoje improvável, as dificuldades devem se agravar ainda mais.
No Estado, pelo menos seis instituições, incluindo a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), vêm adiando despesas compulsórias. Entre as contas deixadas de lado, estão as de luz e água. Ao mesmo tempo, vêm sendo suspensos serviços de reformas e manutenção, o que contribui para a deterioração das instalações físicas.
Os efeitos do contingenciamento estão disseminados em diferentes áreas de atuação do governo federal, mas exigem atenção especial no caso das universidades federais. É igualmente grave quando os cortes descontinuam pesquisas. Muitas vezes, isso significa o seu fim, pelo fato de não poderem ser retomadas mais à frente, tornando sem sentido todos os investimentos já feitos até agora.