* Jornalista e cientista politico
O ano era 1967. O país era governado pelos militares. O dia era 20 de setembro, data magna para todos os gaúchos. Comemorava-se os 132 anos da Revolução Farroupilha, que depois virou guerra e acabou na mesma situação. Muitos impostos, o povo massacrado, os mesmos de antes continuaram no poder e cada vez mais ricos. Os que vieram do Velho Mundo voltaram para lá para continuar outras guerras. Mas o dia era especial, pois seria inaugurada a nova casa do povo, construída no terreno que já tinha abrigado a Sociedade Bailante e o Auditório Araújo Viana.
Na oportunidade, o Palácio Farroupilha, a Casa da Democracia, abriu suas portas para abrigar a Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Depois de anos estando do outro lado da rua Duque de Caxias, na velha casa da Junta Fazendária, atual Memorial do Legislativo, os nobres deputados estaduais, representantes do povo, eleitos pelo voto direto, iriam começar a trabalhar em um prédio moderno e bem maior que o anterior.
Nos 50 anos, o palácio foi palco de discursos inflamáveis de oposição ao regime militar, como também daqueles que defendiam a revolução de 64. Muitos parlamentares se destacaram como excelentes tribunos, entre eles Pedro Simon, Jarbas Lima, Onyx Lorenzoni e Suely Gomes de Oliveira, que foi a primeira deputada do Parlamento gaúcho (1951/75). Depois dela, muitas já foram eleitas, e realizaram um belo trabalho, culminando com a primeira presidente da Casa, deputada Silvana Covatti, em 2016. Mesmo assim, ainda é pouca a representatividade feminina no Plenário 20 de Setembro.
E falando do plenário, lembro que já foi invadido completamente por movimentos sindicais quando da privatização de estatais no governo Britto. E o que os governos militares não fizeram nos anos de chumbo, os funcionários públicos realizaram em 2015, quando era presidente o deputado Edson Brum, fechando totalmente o Palácio, não permitindo a entrada dos funcionários e nem dos deputados. Mas, com certeza, muitos debates e embates ainda vão acontecer. Como diz a jornalista Regina Lima, o Rio Grande passa por aqui. E passa mesmo. Pois aqui é decidido o presente e o futuro do povo rio-grandense.