*Sócio-diretor de criação da Morya
O escritor vencedor do prêmio Pulitzer, Thomas Friedman, autor do ótimo livro O Mundo é Plano, e agora também do recém lançado Obrigado pelo Atraso, ao ser perguntado sobre os empregos do futuro, respondeu: "Por séculos trabalhamos com nossas mãos. Então, no último século, trabalhamos mais com as nossas cabeças. Eu acredito que no próximo século nós trabalharemos muito mais com nossos corações, combinando empatia com conhecimento técnico". É uma brilhante definição do mundo do trabalho, visto com um olhar para além do avanço tecnológico. Uma visão que não subestima a criatividade e tampouco menospreza tudo que ainda podemos e vamos fazer como humanos. Porque, se o crescimento exponencial da tecnologia é irrefreável e inescapável, isso não significa que tenhamos que aceitar uma robotização da vida. Máquinas podem substituir funções, mas não irão substituir pessoas. São estas, e não aquelas, que continuarão se relacionando, consumindo, casando, tendo filhos e criando o mundo em volta com suas emoções e desejos. A realidade terá que ser, cada vez mais, construída pelo conhecimento e pela empatia.
Leia mais
Na China, Temer atribui queda do desemprego a reforma trabalhista
Mercado eleva projeção de crescimento do PIB para 0,5%
Será difícil dar andamento à reforma da Previdências neste mês, diz Maia
Quando falamos da mudança do emprego nos próximos anos, sempre surge, como Alfredo Fedrizzi comentouaqui mesmo neste espaço no último final de semana, a possibilidade do empreendedorismo individual como solução para novas formas de trabalho e renda. Se este é um dos caminhos, e me parece que é, então precisamos ter, também, o crescimento da criatividade e da arte como forma do homem repensar a si mesmo e ao mundo, como alternativa de evolução pessoal e coletiva, como construção contínua da vida. Quanto mais tecnológico for o mundo, mais precisaremos da criatividade e da arte para nos dar sentido, para fazer a ponte entre o que fomos, o que somos e o que seremos. Máquinas podem nos fornecer dados, informação, conhecimento e até ideias. Mas só a arte e a empatia nos dão sabedoria e sentido.
Esta discussão pode parecer um tanto abstrata, mas não é. Discutir que sociedade teremos e qual o papel do emprego e do trabalho no futuro, e a relevância da arte e da criatividade, deveria ser um foco essencial de famílias e nações. Afinal, pais e país não são a mesma palavra por acaso. Em ambos, o tamanho do seu legado se demonstra pela educação que dão aos seus filhos, como os preparam para o futuro, como os habilitam para o emprego e para a vida. O avanço da tecnologia não está sob nosso controle. A forma como valorizamos a criatividade, a arte, o conhecimento e a empatia só depende de nós. Em casa ou nos governos.