* Professor, crítico literário e mestre em Literatura Brasileira pela UFRGS
Muitas pessoas ainda nutrem preconceito quanto à educação a distância, mas, se elas participassem de um curso do gênero, talvez mudassem de opinião. Analisando os cursos EaD organizados pelas universidades federais no Rio Grande do Sul, por meio do projeto Universidade Aberta do Brasil (UAB), os cursos se dão da seguinte maneira.
Cada cadeira é subdividida em módulos – de seis a oito, embora algumas universidades possam trabalhar de outra forma. Em cada módulo, há uma aula em vídeo, ministrada por um professor doutor de vasto conhecimento no assunto. É como se o estudante estivesse numa aula presencial, só que está em vídeo, e o aluno assiste a ela. As dúvidas podem ser enviadas pelos fóruns e são respondidas por tutores EaD. Cada módulo, além da videoaula, traz alguns textos ou vídeos complementares e uma tarefa para ser realizada pelo discente. Se o interessado cumprir todas as fases do processo, com certeza estará muito bem preparado em termos intelectuais. Claro que, se apenas fizer as tarefas, que são obrigatórias, mas sem ler os textos solicitados e sem assistir às videoaulas, pouco vai captar e ficará perdido no processo.
Tem-se o costume de dizer que as aulas presenciais são muito superiores às EaD, mas, hoje em dia, com a desvalorização conteudista, alguns educadores se veem obrigados a fazer dinâmicas em detrimento do conteúdo, porque os "clientes", ou seja, os estudantes, desejam situações mais práticas e menos teoria. O ensino EaD, nesse ponto, é basicamente teórico, enfatiza principalmente o conteúdo.
Outro aspecto a se ressaltar é que, nas aulas presenciais, se perde muito tempo com situações que nada têm a ver com o foco da matéria. Na EaD, não se perde tempo nenhum: as videoaulas e os textos vão direto ao ponto, não apresentam interrupção. Dependendo do curso presencial e do a distância, é possível até concluir que o EaD aproveita 100% do tempo, isso levando em consideração que o estudante estará ligado nas videoaulas e lerá todos os textos, enquanto o presencial se aproveita menos de 50% do tempo.
Concluindo, ao contrário do que se pensa no mercado, para estudantes que realmente querem aprender (o que, na verdade, não é a maioria), a educação a distância talvez até seja melhor que a presencial.