* Professor de Saneamento do IPH-UFRGS
De acordo com a base de dados EM-DAT, houve 4.335 desastres no mundo devido a causas naturais, entre 2004-2014. Estes desastres resultaram em 980 mil mortes e 26,8 milhões de pessoas desalojadas. Devido a conflitos, houve ainda 16,7 milhões de refugiados internacionais e 33,3 milhões dentro de seus países. Nos últimos dois meses, houve a inundação de Houston, o terremoto no México e o furacão no Caribe e Flórida. No Brasil, o Nordeste enfrenta a pior seca dos últimos cem anos, afetando 23 milhões de brasileiros.
Uma das características de desastres é a necessidade de ação rápida e efetiva para evitar perdas de vidas e dos meios de sobrevivência da população. Desastres são emergências, uma vez que o tamanho dos impactos é muito superior à capacidade da população afetada em lidar com os problemas. Durante desastres, a fadiga, a desnutrição, as condições precárias de habitações e saneamento, a superpopulação e as limitações do atendimento médico tornam a população vulnerável às epidemias. Entre os mais afetados encontram-se os idosos, as crianças, os doentes crônicos e os destituídos de bens.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, as causas mais comuns de mortes em desastres são as infecções respiratórias agudas, as doenças diarreicas, o sarampo, a malária e a desnutrição. Uma das necessidades mais prementes nas situações de emergências são o suprimento de água em quantidade e qualidade adequadas, o manejo dos esgotos, a adoção de práticas higiênicas e o controle dos vetores de que transmitem doenças.
Uma análise realizada por 45 organizações internacionais identificou 12 deficiências principais no atendimento sanitário da população impactada por desastres. Houve um consenso sobre a necessidade de maior rapidez na oferta de saneamento em áreas complexas, como aquelas com lençol freático elevado, áreas urbanas e com solos instáveis. No Brasil, chamam particularmente a atenção as dificuldades dos nordestinos que enfrentam uma seca devastadora, em contraste com os valores bilionários desviados pela corrupção em nosso país.