* Advogada da União, professora universitária
Na época em que se discute a reforma da Previdência, permeada por debates acalorados acerca da alegada insuficiência de contribuições para custear os benefícios, os advogados da União se deparam diariamente com o abuso de demandas judiciais propostas por jovens egressos do serviço militar, visando a obter reformas indevidas a serem custeadas pela população.
Ao lado de algumas ações aforadas por ex-militares que, por eventuais infortúnios, realmente quedaram inválidos, há milhares advindas de soldados que machucaram o joelho num jogo de futebol, lesionaram o ombro caindo de moto, tiveram surtos após a ingestão de drogas, entre tantos exemplos de lesões que não incapacitam para a vida civil e, muitas vezes, sequer, para a militar. Há casos, inclusive, de pequenos acidentes ocorridos em festas ou eventos fora do quartel, quando o "guerreiro" está com poucos meses de caserna. E, por incrível que pareça, no mais das vezes sob o abrigo da AJG, ajuízam os pedidos se dizendo incapacitados, mas ao mínimo olhar de suas vidas civis, vemos motoristas, tropeiros, professores de artes marciais etc., ou seja, pessoas no gozo de atividades que não se coadunam com a dita incapacidade.
Dessa forma, nossos "fiéis soldados" querem o quartel ao seu dispor, para se qualificarem, receberem o melhor tratamento médico e, assim que possível, fazer da pequena lesão um direito à aposentadoria qualificada. Lamentavelmente, a falta de pudor e consciência social daqueles que deveriam ser "da Pátria a guarda" se sobressai, na medida em que ingressam na vida militar para defender valores como patriotismo e civismo e, à menor oportunidade, buscam extorquir o país que deveriam por missão proteger.
A recuperação desta nação passa pela necessária retomada da moralidade. No mês dos pais, peçamos a eles que exijam dos filhos a idoneidade de caráter a torná-los pessoas corretas e solidárias, úteis a si e à sociedade, de modo a encerrarem no seu futuro "toda a esperança que um povo alcança".