A elevação do déficit nas contas públicas do governo gaúcho para um valor superior a R$ 1 bilhão nas projeções de agosto faz soar um inquietante alarme vermelho na contabilidade oficial do Estado. Com a arrecadação em baixa, as despesas em elevação e sem perspectivas de receitas extras até o final do ano, o Piratini precisa reagir rápido e à altura da crise para evitar que as contas piorem ainda mais. Se isso ocorrer, as consequências, hoje mais visíveis no atraso da folha salarial dos servidores, seriam estendidas a toda a população. Serviços públicos, já precários, poderiam entrar em colapso, situação que precisa ser evitada de qualquer jeito.
O descontrole não surpreende quem acompanha as finanças públicas de perto, mas é lamentável. No ano passado, o governo gaúcho conseguiu fechar as contas com um déficit inferior ao previsto. No primeiro semestre deste ano, a situação se inverteu. Os gastos cresceram acima das receitas devido à concessão de reajustes salariais, à pressão crescente dos inativos sobre a folha de pagamentos e à elevação dos dispêndios com custeio. Sem uma mudança que favoreça o aumento da arrecadação, não é difícil imaginar o que vai ocorrer pela frente.
A questão é que o plano de recuperação fiscal, previsto para ser fechado em maio com o governo federal, não saiu até agora. Ao Piratini, sem condições de oferecer as contrapartidas exigidas, resta torcer para que a liminar suspendendo os desembolsos da dívida com o governo federal seja mantido. Mas é pouco. Salvar o setor público estadual não é missão exclusiva do governo, mas de todos os líderes gaúchos, e não apenas políticos.