A decisão da comissão da Câmara que examina a reforma política de aprovar um fundo público de financiamento de campanhas de R$ 3,6 bilhões só pode ser vista como um equívoco da parte dos parlamentares. Por mais que a alternativa tenha defensores com argumentos respeitáveis, não dá para dissociá-la de um contexto em que começa a faltar verba pública em praticamente todas as áreas de atuação do governo federal. E o montante será bancado por contribuintes depauperados pelo volume excessivo de impostos, o que não faz qualquer sentido.
Políticos em campanha foram impedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de receber doações de empresas, mas já contam com um fundo partidário para bancar gastos de campanhas eleitorais, que continuam dispendiosas demais, em total desacordo com a situação econômica do país. O agravante é que, junto com esse mais recente disparate, os deputados federais aprovaram também o chamado "distritão" – felizmente, com pouca chance de ganhar o aval do plenário. Trata-se um sistema que, na prática, contribui para deixar tudo como está na política. Isso porque favorece a reeleição dos chamados caciques da política, a maioria dos quais de grandes partidos e envolvidos em denúncias de corrupção.
É lamentável que, ao invés de se preocuparem em aprovar uma reforma voltada para os interesses dos eleitores, os legisladores, em sua maioria, atuem mais em benefício próprio. Nada garante que, mesmo com esse novo fundo, políticos em busca de voto não vão continuar se socorrendo de recursos de caixa 2. Melhor fariam todos se dessem ênfase à moralização da política e à redução dos custos de campanha, hoje em patamares incompatíveis com um país em crise.