Quando criminosos começam a se organizar sob a forma de milícia, como vêm demonstrando recentes operações de organismos de segurança no Estado, a sociedade fica com razões adicionais para se preocupar. O que ficou constatado em cidades como Porto Alegre e Cachoeira do Sul é a população cada vez mais sujeita ao risco de ser dominada por líderes de facções, numa situação semelhante à registrada há algum tempo em regiões do Rio de Janeiro. É preciso barrar a tendência, antes que o narcotráfico passe a assumir cada vez mais papéis aproveitando a ausência do poder público.
É perturbadora a constatação de que, além de comandarem o tráfico de drogas ilícitas, criminosos vêm passando a dominar até mesmo serviços, como o fornecimento de gás e a distribuição de correspondência. Inspirados num modelo empresarial, chegam a contar até mesmo com empresas próprias para lavagem de dinheiro, além de manter funcionários com carteira assinada.
Os gaúchos não podem se conformar com o fato de suas propriedades serem tomadas à força por criminosos. E, menos ainda, de se verem submetidos ao monopólio de serviços em áreas como o fornecimento de gás e a entrega de correspondência.
O crime organizado só se aperfeiçoa num ritmo perturbador porque tem uma clientela que o mantém próspero e organismos de segurança sem as condições necessárias para enfrentá-lo. É promissor que, ainda assim, o poder público venha tentando conter suas ações, marcando presença em áreas mais vulneráveis nas quais o Estado precisa estar mais presente.