* Médico e professor universitário
Harry Houdini, nome artístico de Ehrich Weisz, foi um dos maiores, senão o maior, escapologista e ilusionista do mundo.
Pois falando em escapologista não há como fugir da relação do mágico com os grandes escritórios de advocacia , principalmente do eixo São Paulo-Rio-Brasília, envolvidos na defesa dos nossos proeminentes políticos, que tentam escapar das garras da justiça, sejam de que lado forem. O pitoresco é que, independentemente do lado, seja à esquerda ou à direita, os argumentos da defesa são praticamente os mesmos isto é, que o acusado não sabia de nada, que inexistem provas e que as delações são peças de ficção de pessoas que criam factóides para se livrar da cadeia.
Proeminentes políticos ironicamente falando, principalmente quando se os compara com seus pares de algum tempo atrás, como nos anos 20 do século passado, o que é sobejamente demonstrado no livro Oswaldo Aranha - Uma Fotobiografia. Naquela época o Rio Grande do Sul era um Estado exponencial na Federação e seus representantes como , além do citado, Getúlio Vargas, Flores da Cunha, Batista Luzardo, João Neves da Fontoura, Lindolfo Collor e outros tantos sempre se pautaram por um amor e uma dedicação inconteste ao país com sacrifícios pessoais inclusive, muito diferente do que temos hoje em dia, em que o culto é ao enriquecimento pessoal.
Sendo assim, é assombroso ver um profissional de alto gabarito como os advogados citados, tentando convencer a todos que tudo é um ledo engano. Eles são capazes e competentes para tanto.
Passado o fato delituoso, não interessa mais saber se foi verdade ou não, o que vale é o resultado do julgamento e é aí que entram as competências.
Na minha turma médica da UFRGS de 1974 tínhamos um pequeno grupo de colegas que se reunia para estudar no casarão do Dr. Oswaldo Lia Pires, um dos maiores criminalistas do país, pai de um dos nossos colegas.
Cada vez que ele vinha conversar conosco, era um encantamento. Seu poder de persuasão virou lenda assim como suas "tiradas" históricas. Uma delas de um cliente desesperado " Doutor eu matei a fulana!". Diz o Mestre "Calma, dizem que mataste a fulana".
Homens assim são raros, pena que desperdicem seu talento atualmente com causas tão pouco nobres.