* Professor de Física e editor
Já aborrecem as repetidas notícias que a mídia vem se esfalfando em dar a público, sempre envolvendo os mesmos Lava-Jato, vazamentos, Lula, delações, Moro, Dilma, Temer, Eunício, Padilha, aleivosias, lavagem de dinheiro, limpeza ética, vitimizações, direitos, judicializações e por aí vai; coisas que têm resultado, nas páginas de jornais e noutros veículos, sempre no mesmo do mesmo. Estarrecedora, para o homem comum, essa enxurrada de notícias e comentários. Nessas condições, achei que se pudesse dar uma "vazada" de tais temas, que já parecem agora sempiternos, e apresentar aqui neste espaço alguma desimportância. Porque desimportâncias são com o que mais lidamos nessa vida. Veja-se uma análise termométrica.
Nesta manhã fria de terça, cedinho, pude ver pela janela, lá embaixo na calçada, a vizinha levando seu cão – que atende por Alvará e deve ter passado a noite sob as cobertas aos pés da cama – a aliviar bexiga e intestino. Observei que ela cuidou, com aquela cognição algo obscura do politicamente correto, de recolher num saquinho plástico os dejetos que estavam sobre o piso tátil para cegos no calçamento – evitando, assim, com maior espírito de bem comum, que um presumível cego passante pisasse naquilo. Mas o que mais chamou minha atenção foi o fato de o cão estar com o corpo vestido, certamente para sua proteção da sensação térmica de 7 graus centígrados reinante.
Nós, humanos, sentimos frio ou calor; nessa proporção, usamos roupas quentes ou leves. Conjecturei, então, se o agasalho de Alvará seria efetivamente necessário, pois animais irracionais como a vaca, o elefante, o leão, a galinha, o periquito, não usam roupa contra o frio. Com minha tênue inclinação às ciências, imaginei a possibilidade de a medicina veterinária ter descoberto que caninos, ditos melhores amigos do homem e que muitas vezes chegam a ser tratados como tais, têm as mesmas reações às variações termométricas que os humanos, e que também precisam proteger-se do frio; seguindo tal suposta descoberta, adveio a prática de os proprietários de cães e cadelas (como é politicamente correto que se o diga) agasalhá-los, como os humanos, nos dias frios.