A fuga de cinco presos de uma cela do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), registrada sábado à tarde, em Porto Alegre, é a confirmação sem rodeios do quanto servidores da área de segurança e a sociedade de maneira geral estão expostos às consequências da falência do sistema prisional. Igualmente grave é o fato de que, além de estar superlotada, a carceragem nem sequer contava com monitoramento de vídeo, pois o equipamento teria ido para conserto. O resultado da ineficiência da segurança pública é que um policial acabou rendido, outro ficou ferido e perdeu a arma em serviço, um detento acabou baleado e os moradores que circulavam por uma das áreas mais movimentadas da Capital correram sérios riscos.
O que mais precisará acontecer para que o poder público se convença de vez que detentos não podem ficar em carceragens improvisadas, muito menos superlotadas? O Rio Grande do Sul, que ficou conhecido nacionalmente por improvisar celas em viaturas e manter presos algemados até mesmo em lixeiras, conformou-se em aceitar como rotina celas de delegacias superlotadas, particularmente em fins de semana. É uma ameaça para os servidores, que atuam em número reduzido, uma deformação na forma de tratar os presos e uma desconsideração com os gaúchos de maneira geral.
A sociedade não quer saber se faltam recursos para livrá-la dos riscos de presos em celas improvisadas, mas, sim, quando poderá contar com um mínimo de segurança. Presos precisam de vagas em presídios. Ainda assim, o poder público demorou tanto para entender e enfrentar a questão, que resta aos gaúchos continuar pressionando por soluções, até vê-las colocadas em prática.