Há duas semanas, acompanhei o Painel Internacional de Seleção da Endeavor, desta vez sediado no Brasil. Essa é a última etapa de um rigoroso processo de seleção para identificar empreendedores inovadores e orientados a transformar o ecossistema de empreendedorismo de seus países. Uma vez aprovados, eles passam a ser apoiados pela organização, por meio da conexão com mentores.
Durante três dias, empreendedores de 11 países foram sabatinados por grandes líderes empresariais e investidores globais, que avaliaram os negócios sob a ótica do potencial de alto crescimento e impacto socioeconômico. De soluções de internet e crédito para população de baixa renda a produção de alimentos orgânicos e telemedicina, ficou evidente que não existem setores mais promissores e nem uma receita do sucesso.
Criar uma empresa e fazê-la crescer está longe de ser uma ciência exata. Ainda que alguns pré-requisitos técnicos como tamanho de mercado, diferencial competitivo e capacidade de escala sejam imprescindíveis para trilhar uma pista de alto crescimento, eles sozinhos não são suficientes. Bons negócios requerem um toque de arte, que só pode ser dado por um grande artista: o empreendedor.
As empresas mais bem avaliadas foram aquelas conduzidas por empreendedores que tiveram a sensibilidade de conectar suas experiências e conhecimentos para resolver grandes problemas de mercado. Além disso, destacaram-se pelo equilíbrio entre foco e senso de oportunidade: escolheram fazer poucas coisas nota 10, em vez de muitas nota 6. E sabem que o que ganha o jogo hoje pode não ser suficiente amanhã. É importante estar em constante evolução.
Bons empreendedores reconhecem que são protagonistas de um espetáculo coletivo. Detêm as rédeas da organização e cercam-se de talentos complementares, pois têm consciência de suas limitações. Sabem ouvir e aprendem rapidamente. Têm uma forte ambição por fazer a diferença e, por mais desafiador que seja o caminho, são incansáveis na busca por um modelo capaz de impactar muitas pessoas.
Das 18 empresas participantes, nove foram aprovadas, sendo três brasileiras (Brisanet, Gesto e Hi Technologies). O que elas tinham em comum? Empreendedores que combinaram ciência e arte, e assim chegaram não só em um bom modelo de negócio, mas no negócio de suas vidas.