Diante do temor de empresários e investidores de que o cronograma de reformas pode atrasar em consequência dos desdobramentos da Lava-Jato, o presidente da República, Michel Temer, age bem ao cobrar empenho nas votações por parte de integrantes do governo e da base aliada na Câmara para a aprovação das mudanças. Apesar da gravidade da crise política, com repercussões sobre a economia, Executivo e Legislativo não podem paralisar suas atividades. Ainda assim, ambos os poderes deveriam, conjuntamente, oferecer à sociedade uma resposta igualmente pragmática para as acusações de imoralidade que recaem sobre vários de seus integrantes.
É inevitável que, confrontadas com o teor das delações que estão vindo a público, atingindo muitos dos políticos que vão decidir sobre questões vitais para o país, parcelas da sociedade se mostrem receosas com os resultados. O país, porém, precisa demonstrar condições de enfrentar suas mazelas, apurando e julgando responsabilidades, sem deixar de perseguir um mínimo de estabilidade.
Os brasileiros vêm arcando com um custo elevado demais para tomar consciência dos reais prejuízos provocados pelos desvios de verbas. Ao mesmo tempo, não têm mais como ignorar que, sem uma reforma da Previdência como a prestes a ser votada, as finanças do setor público podem ser inviabilizadas num curto período de tempo. Assim como no caso da reforma trabalhista, também na previdenciária o Planalto vem negociando no limite para facilitar a aprovação. É preciso que o Congresso faça a sua parte, contribuindo para esse esforço pela normalidade.