O governo insiste em solucionar a crise do Estado a partir do desmonte dos serviços públicos, sem apresentar uma única alternativa para discussão com a sociedade, procedendo como se fosse o dono do Rio Grande do Sul. Embora tenhamos a avaliação de que a crise está maquiada para parecer maior, temos a convicção de que, a partir do diálogo com a sociedade, e não apenas jogando a responsabilidade sobre a Assembleia Legislativa, haja solução. Nos surpreende a falta de sensibilidade deste governo, que não arreda pé das suas intenções, apesar das críticas e do repúdio que boa parte de suas propostas provoca.
O mais cruel nesse processo é que, além de que o Estado está em situação de penúria, o governo não consegue enxergar o óbvio, ou seja, que a sua renúncia fiscal e sua pouco eficaz cobrança da dívida ativa são incompatíveis com as mudanças necessárias. Para além disso, sem qualquer imaginação para criar renda, o mesmo governo só pensa em extinguir, vender, privatizar, como se quisesse que o próprio Estado deixasse de existir, para, enfim, chegar-se a algum tipo de harmonia financeiro/orçamentária.
Tudo isso lembra a lenda rural do homem que, acossado pelo frio, queima toda sua lenha para se aquecer, e, sem cortar mais nenhuma, passa a queimar seus móveis e, finalmente, sua própria casa, ficando ao desabrigo e vindo a morrer de frio. Ora, o que o governo está fazendo, metaforicamente, é queimar seus móveis e sua própria casa, destruindo o que gerações custaram a criar e fazer funcionar.
O que temos pela frente é assustador, pois só nos resta a luta de resistência, tentando manter algo em pé, enquanto o tempo passa e nos traz o fim do mandato de quem, atualmente, ocupa o Palácio Piratini. Neste exato momento, além do que já perdeu o Estado, buscamos salvar a Sulgás, a CRM e a CEEE, sabendo que, logo mais, esta luta será pela manutenção do Banrisul e da Corsan.
Para este governo do RS, que o futuro vai julgar, não existirá nem a defesa bíblica dos que "não sabem o que fazem". Ele sabe, faz porque quer.