O PSB, sexta maior agremiação partidária da base aliada do governo, com 35 deputados, ameaça fechar posição contrária à reforma da Previdência, sob o pretexto de que um partido socialista não pode trair as pessoas que pretende representar. Com o mesmo pensamento, políticos da situação e da oposição, em grupos ou individualmente, vêm se manifestando contra as medidas mais duras propostas pelo governo, entre as quais ampliação da idade e do tempo de serviço para a aposentadoria.
Há, realmente, pontos do projeto que precisam ser melhor esclarecidos, mas cabe ao Congresso fazer esta revisão e corrigir eventuais distorções. O que não cabe é a demagogia fácil de simplesmente ser contra sem apresentar alternativas que ajudem o país a enfrentar o caos previdenciário que, segundo os números do governo, aproxima-se inexoravelmente. Ontem mesmo o ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, reafirmou em São Paulo que mexer na Previdência não é uma decisão do governo – é uma necessidade do país.
O ministro afirmou que, se os gastos da Previdência continuarem crescendo no ritmo atual, em breve faltarão recursos para áreas essenciais, como saúde e educação. Chegou mesmo a dizer que o governo gostaria de manter tudo como está ou até aumentar a generosidade oficial em relação às aposentadorias, mas a sociedade brasileira é que teria de pagar a conta. Refutou com veemência a tese de que o sistema é superavitário e apresentou números assustadores: R$ 92,2 bilhões para o déficit atual da Previdência e R$ 258 bilhões para o déficit da seguridade social. Reconheceu que o desafio imediato de comunicação é repassar esses argumentos para todos os brasileiros, assim como ele próprio está fazendo em encontros com as bancadas de vários partidos no Congresso.
O que se pode concluir do discurso do ministro é que o debate político em torno de um tema tão delicado, que mexe com a vida de tantas pessoas, terá que ser didático, objetivo e transparente.