Pressionado pela iminente decisão do Tribunal Superior Eleitoral sobre a cassação da chapa vencedora das eleições de 2014 e pela anunciada divulgação da lista dos políticos implicados nas delações da Lava-Jato, o governo Temer começa a manifestar insegurança preocupante nos pontos que o diferenciavam da administração anterior: a boa relação com o Congresso e a política econômica. Ambos são fatores de estabilidade. Para a economia deslanchar, é imprescindível que as reformas sejam efetivamente implementadas.
Não está fácil. Alarmado pela vitória apertada na votação do projeto de terceirização, o Planalto não para de fazer concessões em relação à reforma da Previdência, que está cada vez mais descaracterizada. Numa semana, retirou do projeto os servidores estaduais e municipais. Na outra, diante da reação negativa dos governadores e prefeitos que teriam de arcar com o desgaste político das mudanças, voltou atrás e inventou um prazo de seis meses para as Assembleias e Câmaras chancelarem novas regras.
De outra parte, a equipe econômica, até agora saudada como modelo de eficiência e seriedade, anuncia um rombo de R$ 58 bilhões no orçamento deste ano e já projeta aumento de impostos para cobri-lo, revelando equívoco na previsão de arrecadação. Ao se igualar aos seus antecessores na falta de coragem e firmeza para promover reformas que contrariam setores poderosos da sociedade, especialmente corporações do serviço público, o governo Temer, que já não conta com expressivo apoio popular, correrá o risco de agravar ainda mais a interminável crise por que passa o país.