A crise da segurança pública no Brasil é multifatorial e complexa mas algumas coisas podem ser ditas mesmo por não especialistas: se os egressos do sistema prisional fossem acolhidos pela sociedade certamente cairia o número de reincidentes, já dizia o Conselheiro Acácio.
Ora, convenhamos que a sociedade como um todo não tem este perfil de acolhimento, descarrega sobre todos que transgrediram a lei sua raiva e frustração motivada até sobre situações eminentemente pessoais.
Isto se multiplica "n" vezes quando se trata de crimes contra a vida com grande cobertura pela mídia, caso do goleiro Bruno no desaparecimento de Eliza Samudio. Sem condições técnicas de analisar o habeas-corpus deferido pelo ministro do Supremo Marco Aurélio Mello, passo a comentar os acontecimentos após sua soltura, que foi muito contestada pelas redes sociais, inclusive com ações de revisão da medida judiciária.
Como havia sido goleiro titular do Flamengo, foi contratado para a mesma função em um clube de Varginha, Minas Gerais, o Boa Esporte Clube. Imediatamente as manifestações que eram contra a liberdade provisória, passaram ser contra a contratação do réu com retirada dos patrocínios financeiros que mantinham o Clube.
Façamos um comparativo com outro crime, de enorme repercussão midiática envolvendo um esportista e também ator, o jogador de futebol americano O.J. Simpson: acusado de assassinato de sua ex-mulher e um amigo, foi absolvido depois de um longo julgamento em 1995. Em 2007, voltou a ter problemas com a lei sendo novamente preso e acusado de diversos crimes como assalto à mão armada, sequestro e formação de quadrilha. Novamente julgado, foi condenado a 33 anos de prisão.
O que acontecerá com o goleiro Bruno e quanto isto dependerá de sua índole ou do acolhimento social? Ressalte-se que está em liberdade provisória e que poderá vir a ser preso novamente após julgamento do recurso, mas a questão é: todo mundo pode errar e tem direito a uma segunda chance, ou para certos crimes não tem perdão?
Passo a bola para os especialistas.