Guerra nas ruas, crise nas prisões e discursos pouco objetivos: assim podem ser resumidos os resultados dos primeiros seis meses de Cezar Schirmer no comando da Secretaria Estadual da Segurança Pública. A ousada iniciativa do governador José Ivo Sartori de colocar um político amigo no comando da pasta responsável pela Segurança, mesmo com o histórico de contestações do ex-prefeito de Santa Maria, ainda não se justificou: o secretário não inovou, não apresentou soluções diferenciadas para o combate à criminalidade, e insiste em lembrar que o caos da segurança é um problema nacional. A sociedade gaúcha, acuada, já não aceita mais apenas explicações, pois quer o direito de se sentir protegida.
É sabido que, como alega o secretário, uma violência nos níveis alcançados no Estado não tem como ser resolvida com mágica. Tampouco pode depender de uma única pessoa, de um único poder, ou simplesmente de mais policiais nas ruas, pois envolve esforços de toda a sociedade. Mas também é evidente que, assim como ocorre em outras áreas – caso do enfrentamento da crise econômica, por exemplo –, o combate à criminalidade exige alguém que, no comando, consiga transmitir confiança de resultados consistentes num determinado prazo. E isso não está ocorrendo.
O que a população assiste – e que nem mesmo a redução no roubo de veículos, garantida pelo maior rigor com desmanches, consegue atenuar – é a um aumento nas estatísticas de homicídios e latrocínios. No cotidiano, isso significa execuções sumárias e por engano, barbáries e recorde de 40 assassinatos no Estado num único fim de semana, diante de um poder público que mantém presos em viaturas ou algemados a lixeiras e corrimões. Mesmo aturdida diante de tantas palavras oficiais na tentativa de explicar o caos, é natural que, às políticas de segurança pública, a população só consiga associar uma: decepção.