O êxito alcançado no leilão dos aeroportos de Fortaleza, Porto Alegre, Salvador e Florianópolis, no último dia 16 de março, foi um marco importante de que o país está com a política fiscal e econômica no caminho certo e retomando a credibilidade no cenário internacional. A esperança durou pouco. No dia seguinte, a Operação Carne Fraca colocou o Brasil de volta na lama no cenário internacional com consequências ainda difíceis de mensurar. Para a economia brasileira, é um desastre porque envolve um setor que, na cadeia da carne bovina de corte, emprega 7 milhões de pessoas, conforme dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e exporta próximo a US$14 bilhões ao ano para mais de 160 países, incrementando o agronegócio, histórico vetor de crescimento. O fato assusta e mostra que a corrupção é endêmica no Brasil e que muito ainda está por vir nesse emaranhado de benesses entre setor público e privado.
A vontade de passar a corrupção a limpo nos coloca num intenso ativismo judicial e policial para penalizar todos os corruptos e corrompidos. De um lado, a mídia – às vezes com viés sensacionalista – e, de outro, a sociedade têm dificuldade de separar o joio do trigo. Isso acaba impactando setores e classes sociais de uma forma generalista, exigindo anos para recuperar a credibilidade, com perdas econômicas para o setor, a sociedade e para o país. Nesse universo, há que se ter presente que "nem todos os políticos e empresários são ladrões, assim como nem todos os juízes são o Sergio Moro".
O custo de passar o Brasil a limpo no curto prazo é alto, mas se paga no longo prazo. Portanto, é dever de todos exigir e praticar os princípios éticos e valores morais nas organizações e na sociedade, conscientes de que a sede de justiça não pode ser satisfeita de qualquer maneira. Também é importante reforçar que as instituições continuem aprimorando a governança e os processos para garantir segurança jurídica. Somente assim, o Brasil volta a ser um país de oportunidades para investir e empreender, que é tomar riscos, porém num ambiente com leis e regras claras, sem necessidade de shows pirotécnicos.