Em época de Lava-Jato, um dos aspectos essenciais para a gestão de carreira é o cuidado com a transferência da reputação da empresa para a imagem do profissional.
O mercado de trabalho costuma ser muito mais cruel do que o sistema judiciário. Nos tribunais, cada executivo consegue delimitar sua responsabilidade. Um inocente não vai para a cadeia num sistema com tantos recursos e instâncias. Já no mercado de trabalho, o jogo é velado. Alguém que trabalha numa empresa envolvida em escândalos poderá ser limado de um processo seletivo, sem chance de defesa. A regra favorita dos recrutadores é: na dúvida, não contrate.
Esse jogo corporativo ganha contornos mais dramáticos para profissionais de média gestão. Longe das decisões estratégicas e da corrupção, ficam apenas com os danos de imagem e o impacto da reputação duvidosa da empresa na sua carreira.
Nesse cenário mais complexo, é fundamental fazer uma análise criteriosa da organização em que se vai trabalhar. Pesquisar informações e avaliar o risco do contratante faz parte do processo seletivo que o profissional precisa fazer. Não basta ser escolhido por uma empresa, é necessário avaliar a imagem da companhia no mercado. Esse levantamento de referências serve para minimizar o risco.
Essa missão não é fácil. Com alto nível de desemprego e informações que não são fáceis de ser obtidas, essa seleção de empresas é um desafio.
E quando se está trabalhando numa empresa com reputação abalada, é importante avaliar os riscos de continuar. Se a situação se mostra de alta repercussão e a imagem da empresa está se deteriorando, uma mudança de emprego deve ser planejada.
No novo mundo do trabalho em que cada profissional deve ser o protagonista da sua trajetória, surge um capítulo novo na condução da vida profissional: é a governança na carreira. As empresas precisam de um conjunto de regras que garantam sua perpetuidade. O mesmo vale para um profissional.
A definição de um conjunto de valores e regras para gerir a carreira precisa ser construído. Nesse conjunto, a idoneidade do local onde trabalhar é peça fundamental. Quando os valores e as crenças não estiverem mais em sintonia, é hora de partir para outro projeto. Saber medir o fim desse ciclo é uma missão indelegável.