O novo corte na taxa de juro pelo Copom, nesta semana, indica claramente que as dúvidas sobre o ambiente político estão sendo reduzidas, os indicadores de inflação são favoráveis e há sinais claros de recuperação econômica para o país. Ainda assim, parcela expressiva do mercado, notadamente entidades empresariais e sindicais, esperava mais ousadia do Banco Central, o que pode ser constatado na manifestação do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf: "O Brasil tem pressa para retomar a rota do crescimento".
Certamente há pressa, sim, pois o país não pode continuar convivendo com a estagnação econômica e com 12 milhões de desempregados sem oferecer-lhes uma perspectiva de breve retorno ao mercado de trabalho. Os negócios permanecem paralisados e o juro alto desestimula investimentos empreendedores.
Mas há sinais de alento. Embora a recessão ainda apareça como principal fator de queda da inflação, há um reconhecimento geral, por parte de especialistas e até mesmo de organismos internacionais, de que o Brasil finalmente encontrou um rumo para a política monetária assegurar um crescimento econômico sustentável. Há ainda muitos obstáculos, entre os quais as incertezas do mercado externo e da política norte-americana, e os fatores internos que continuam ameaçadores – as oscilações do governo Temer e os efeitos da Operação Lava-Jato. Porém, mesmo nesse cenário de instabilidade, cabe reconhecer que a equipe econômica está operando com eficiência, as reformas estruturais estão em andamento e os brasileiros já podem vislumbrar uma luz no final desse período de escuridão.
Se o quadro político não atrapalhar, é bem provável que a economia encontre o ritmo certo, entre a compreensível cautela do BC e a urgência de quem quer empreender e trabalhar.