Somos uma sociedade que retrata exatamente o que somos ou queremos ser, portanto, não se pode causar estranheza vivenciarmos as consequências de nossa própria postura. Haverá quem entenda que estou sendo exageradamente crítico, mas se olharmos, cada um, para as pequenas atitudes do dia a dia, veremos que parte importante da solução começa por nós mesmos.
Exigimos honestidade dos políticos no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras de Vereadores. Mas sequer cobramos integridade dos nossos vereadores, nem acompanhamos o voto de nosso escolhido na cidade em projetos que tragam benefícios coletivos ou que contrariem os interesses maiores.
Assim também acontece com a assustadora violência registrada, indistintamente, nas ruas e dentro das casas dos cidadãos dos pequenos, médios ou grandes centros urbanos. Somente no penúltimo final de semana foram registrados 40 assassinatos no Rio Grande do Sul. É bem verdade que a legislação é falha a ponto de dar margem para que a polícia prenda e a Justiça solte, gerando impunidade, sem falar na já cansativa derrota do sistema penitenciário.
Somos coniventes com a situação atual a partir do momento em que não combatemos com rigor a comercialização de produtos sem a respectiva nota fiscal ou ao não nos organizarmos contra o uso de drogas, que destrói famílias inteiras e onera pesadamente o sistema de saúde.
Precisamos buscar nem que sejam pequenos avanços em todas as áreas para evitar os grandes retrocessos a que estamos assistindo. Vamos nos indignar ao invés de banalizar a falta de ética. Como cidadãos aprisionados que querem uma sociedade melhor, temos que virar o fio desta navalha que está alcançando a todos, com decisões drásticas. Precisamos, no curtíssimo prazo, de efetivos de policiais nas ruas, necessitamos adaptar locais ociosos como presídios temporários, até a construção de novos. Inadmissível conviver com criminosos soltos por falta de cela.
No longo prazo, o foco tem que ser na educação integral que, para ter efetividade, precisa contar com pais e professores que coíbam a libertinagem e aumentem a responsabilidade dos nossos jovens, com cuidado de não seguirem o provérbio "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço".