Os novos tempos em que vivemos, em plena ação da operação lava-jato, servem de alento para cidadania. A permanente luta da sociedade e, principalmente, do poder judiciário e Ministério Público, contra a corrupção e suas diversas formas de tentáculos operacionais, muitas vezes mascarados de "boas intenções", permitem acreditarmos em dias melhores.
Acompanhado desta realidade, naturalmente surgem os questionamentos necessários, para que tal ação atinja de forma igual a todos os corruptos e corruptores, sem nenhuma distinção partidária. Particularmente, como certamente outros tantos, acredito que não são os partidos políticos o grande problema da Nação, mas sim a índole criminosa de homens e mulheres, que desviam recurso público em benefício próprio. Neste sentido, a lava-jato é o que de melhor ocorreu no Brasil: cadeia para bandidos de colarinho branco.
Acompanhamos no ano passado, durante o debate do processo de impeachment da Presidente Dilma, a tentativa de nomeação do ex-presidente Lula para o posto de Ministro da Casa Civil, fato este que gerou imensa repercussão na imprensa, com transmissão ao vivo, bem como levou a inúmeros brasileiros protestarem veementemente nas praças públicas e nas redes sociais. Ato contínuo, gerada a revolta de tantos descontentes, nossa Suprema Corte entendeu que Lula estaria impedido de assumir tal cargo.
Na ocasião, o argumento principal do STF era o de que a nomeação estaria eivada de um "desvio de finalidade", tendo em vista de que os Ministros detêm Foro Privilegiado, e, como sabe-se, Lula era investigado. Aqui está o ponto central, pois pergunto, qual a diferença entre a nomeação de Lula e a nomeação de Moreira Franco, o Gato Angorá da lista da odebrescht, para um Ministério inventado por Temer? Como compreender a omissão dos que contestavam, a título de comparação, a nomeação do Ministro do STF Dias Toffoli e agora aceitam a absurda nomeação do Ministro Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal?
Eis a intrigante diferença de reação de parte da sociedade brasileira, perceptível até o momento, com acontecimentos políticos similares. Para alguns, o maior problema não é a corrupção em si, mas sim a simples existência do Partido dos Trabalhadores e o campo da esquerda. Para outros, que entre os quais me incluo, o grande mal do país não está nos partidos políticos, seja ele qual for, mas sim na índole pessoal dos criminosos de qualquer coloração, que assaltam vergonhosamente os cofres públicos.