Nenhuma situação provocou tanta tensão em toda a história do Brasil quanto os últimos atos criminosos que ameaçam e barbarizam diariamente as capitais do país.
O que realmente nos preocupa está identificado no fato de estarmos vivendo uma situação que, a cada dia, demonstra ser irreversível, fazendo com que toda a sociedade comece a pensar como será daqui para a frente. Hoje, o simples pensamento de não sabermos mais se retornaremos vivos para casa ou se iremos para o necrotério em sacos plásticos faz com que a intranquilidade e o desespero atinjam e liguem todos (independentemente de classe social ou nível cultural), numa luta constante para se manter longe das estatísticas de vítimas de latrocínios e assassinatos.
Identificar os motivos em uma breve análise do porquê de estarmos vivendo um estado de sítio num país democrático e em pleno século 21 poderia ser inútil aos olhos de quem sofre as consequências na pele e não tem tempo para refletir a respeito.
No entanto, ignorar as causas, devido à omissão das autoridades competentes nos últimos 30 anos, as quais deveriam ter oferecido e garantido uma realidade com mais dignidade e segurança, condizente com o orçamento de uma nação do porte demográfico, geográfico e econômico do Brasil, poderia ser tão irresponsável quanto foram os últimos governos, que deliberadamente fecharam os olhos para a segurança pública, ignorando e subestimando o que poderia acontecer se não fosse investido o mínimo de recursos para que tal situação chegasse a este ponto.
Se nos voltarmos para o que está acontecendo em Vitória, com o Exército nas ruas com a missão de impedir saques e assassinatos à luz do dia, podemos até imaginar que somos meros figurantes de algum dos filmes de ficção do diretor John Carpenter, que retratam de forma surreal uma fase da existência humana em que o ser humano tinha que matar para sobreviver em um mundo sem valores, sem regras e sem ética, onde reinava apenas a corrupção e a selvageria.
Infelizmente, Porto Alegre e o Rio de Janeiro estão próximos da realidade de Vitória, mas os governos estaduais insistem em dispensar a presença dos militares para manter e garantir a ordem e a segurança, com a desculpa de que não há necessidade para tanto. Ora, é óbvio que, enquanto não houver tropas nas ruas, já que não há policiamento, o estímulo para assaltos será cada vez maior, tornando os criminosos ainda mais audaciosos e violentos.