Vivemos tempos estranhos; tempos que nos fazem questionar os limites da honra, da decência e da verticalidade de condutas. O cenário é preocupante. Afinal, quando olhamos para o horizonte da nação, apenas vemos uma linha vulgar de crimes entremeados por pilantras, canalhas e corruptos. Infelizmente, perdemos nossas referências; na orfandade de lideranças respeitáveis, a ética pública afunda no lodo da desonestidade sem peias.
Sim, há uma criminalidade institucionalizada no Brasil. Não há como negar as evidências; os fatos estão desnudos aos olhos de todos.
Incompreensivelmente, o sistema não para. E não para porque é muito poderoso. Sem cortinas, temos uma engrenagem delitiva robusta e sofisticada; os mandarins são naturalmente astutos e espertos; não aparecem nem deixam digitais; preferem vestir personagens alinhados e bem articulados para que se movam com desenvoltura interna e nas margens das instituições. Nesse ambiente corrosivo, a festejada Operação Lava-Jato é um soluço de decência em um país devastado pela indignidade político-econômica.
Vamos lá, chega de firulas. Nossa realidade é clara: a corrupção é o maior negócio do Brasil. Se somos roubados desde a época das caravelas, não podemos mais aceitar passivamente tamanha imoralidade pública. Precisamos – urgentemente – de uma nova cultura cívica que nos resgate da apatia política. Ora, o elemento básico da democracia é o bom cidadão, e não a casta de políticos profissionais.
Aliás, a profissionalização da política foi um ato pensado. Regra geral, políticos independentes e vocacionados à vida pública não aceitam ser comprados. Dessa forma, o sucesso empreiteiro da corrupção pressupunha uma classe política amoral que, pelo poder e pelo dinheiro, aceitasse qualquer negócio. Dito e feito. Os partidos viraram fúteis empresas eleitorais, cuja função é encontrar os empregados do poder.
Assim, não espere nada da política atual. Mas pergunte-se: o que podemos fazer pela democracia brasileira? Nas respostas, encontraremos as soluções.