As manchetes dos jornais do Estado escancaram diariamente as mazelas da saúde. Cada um dos 497 municípios gaúchos tem um drama a relatar, conforme verifico diariamente ao abrir o conteúdo de notícias colocado sobre minha mesa por nossa assessoria de imprensa.
Não há um dia sequer sem informações que ratificam o quanto é grave a situação de tudo que envolve a saúde. Os exemplos são muitos e se repetem, só mudando as cidades, que rodam sem parar no noticiário como um carrossel sinistro. Nos últimos dias recolhi dezenas de notícias sobre a crise na saúde, entre as quais as seguintes: "Filas de espera para cirurgias em Bento Gonçalves", "Déficit dos hospitais atinge R$ 144 milhões", "Hospital de Júlio de Castilhos paralisa por atraso salarial", "Crise nos hospitais e UPAs de Canoas", "Corte de R$ 136 milhões no SUS de Porto Alegre", e "Paralisação no hospital de Palmeiras das Missões".
O quadro é alarmante, e tende a agravar-se com a redução dos recursos para custeio do setor, a começar pelas verbas federais, que nunca foram no volume necessário e que hoje estão ainda mais restritas em função da crise econômica. A consequência é o efeito dominó, até chegar lá na ponta, onde estão as peças finais: os médicos e os pacientes, mergulhados no olho do furacão.
Se hoje as pessoas receiam sair à rua, especialmente à noite, devido à violência crescente e disseminada, que não poupa sequer as unidades de saúde, não é de duvidar que o cidadão passe a ter ainda mais medo de ficar doente, diante da perspectiva cruel de não receber o atendimento justo e adequado.
Não é à toa que o brasileiro considera a saúde sua maior preocupação, segundo pesquisa recente que, na verdade, apenas reafirmou levantamentos feitos em outros anos. A agonia dos serviços de saúde já faz tempo ocupa páginas e páginas de jornais, noticiários de TV e de rádio, e também nas redes sociais.
É uma crise que já se tornou crônica. As autoridades precisam tomar medidas imediatas, começando por mais investimentos. Caso contrário, a saúde corre o risco de ser como aquele paciente que espera anos por uma cirurgia pelo SUS. Quando o telefone tocar poderá ser tarde demais.