A primeira e mais visível consequência da inesperada morte do ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), já se mostra inevitável: a homologação da mais importante das delações – a de executivos da Odebrecht – tende a se estender por um período além do previsto, o que é ruim para uma sociedade à espera de justiça. E há ainda a ampliação das incertezas diante da multiplicidade de caminhos jurídicos possíveis para definir quem assumirá a missão de relatar o maior e mais complexo processo de corrupção do país. As definições sobre a indicação do futuro ministro e a do novo relator desafiam tanto o Executivo quanto o Judiciário, mas o país têm instituições aptas para responder a esses desafios.
O acidente da última quinta-feira impõe não apenas a perda de uma figura humana que os brasileiros aprenderam a admirar, mas também a de um juiz preocupado em dar uma celeridade ao processo que, agora, não pode ser ignorada. O contraste entre a lentidão do ritmo dos julgamentos da Lava-Jato no STF e a agilidade registrada em Curitiba é uma realidade com a qual o país não pode se conformar. Até por isso, é importante que os trâmites relacionados à indicação do novo ministro, dependentes também do aval do Senado, não se estendam além do necessário.
O país tem o dever de mostrar que suas instituições estão maduras para enfrentar o impasse legado pela tragédia de Paraty, reduzindo os danos à Lava-Jato. A sociedade precisa de razões para continuar acreditando que todo o esforço empreendido até agora na luta contra a corrupção não será prejudicado.