Ainda é cedo para uma análise acurada, mas, a julgar pelo seu discurso de posse e pelas ordens executivas já editadas, parece que, do ponto de vista econômico, Trump é um keynesiano clássico.
Vejamos três exemplos. Em primeiro lugar, Trump quer impulsionar o crescimento econômico através da expansão do déficit público, com redução de impostos e aumento do gasto em infraestrutura e na área militar. Parece ver o Estado como indutor do crescimento. Em segundo lugar, Trump é protecionista. Prefere fazer com que os consumidores americanos paguem mais caro por produtos made in USA. Já cancelou o TPP e deve reduzir o escopo do Nafta. No caso específico dos oleodutos de Keystone e Dakota, Trump fez questão de incluir uma cláusula obrigando a utilização de aço norte-americano. Em terceiro lugar, Trump já prometeu benefícios fiscais para empresas e setores específicos como forma de elevar o investimento privado.
Os exemplos acima, elevação do déficit público, protecionismo e política de incentivos setoriais, mostram como os planos econômicos de Trump têm similaridades com aquilo que, no Brasil, ficou conhecido como Nova Matriz Econômica. O resultado final nós já conhecemos, pois as leis básicas da economia não mudam no tempo e no espaço. No curto prazo, pode até haver alguns resultados positivos. Mas, em poucos anos, o cenário será negativo. O protecionismo gera ineficiência econômica e elevação de preços. Os benefícios seletivos para empresas e setores específicos atrapalham a alocação de recursos, contribuindo também para o aumento da ineficiência econômica, além, é óbvio, de serem uma fonte potencial de corrupção. O déficit público e a elevação de preços vão obrigar a uma elevação mais acelerada das taxas de juros no futuro. Ou seja, no longo prazo, mais ineficiência, mais inflação mais dívida pública e mais juros vão gerar recessão e desemprego.
O pior é que, ao contrário do Brasil, os EUA são uma economia grande, o que pode gerar consequências negativas para todo o mundo.