A infância são as férias da vida. Ou as férias são o nosso retorno à infância. Em ambas não há grandes preocupações, não é preciso trabalhar e o tempo é um looping diário entre amigos, alegrias e sorvete.
Na infância, estamos constantemente com o pé no chão, nenhuma água é suficientemente fria e tiramos a etiqueta da roupa porque ela pinica na brincadeira. Exatamente tudo o que buscamos nas férias, quando só queremos pé na areia, banho de mar ou piscina e uma roupa desleixada pra passar o dia.
Infância é o ser humano na sua essência, sem pose ou fingimento. Férias é a tentativa do ser humano de se reconectar consigo mesmo. E nada nos reconecta mais do que um banho de mar. O banho de mar é uma conexão direta com a nossa alma. Leva embora as impurezas e lava a mente e o espírito. Nos eleva e nos deixa leves. Vai ver que é por isso que as pessoas no Rio e no Nordeste são mais soltas, mais "de boa". Porque com o mar ali na frente elas se visitam mais na infância. Nós, nestas cidades sem mar, é que ficamos eternamente adultos depois de crescidos, e somos salvos pelas férias uma vez por ano.
Passei boa parte da minha infância no Uruguai, o colégio. Passo boa parte das minhas férias no Uruguai, o país. Estou agora mesmo no segundo relembrando do primeiro. De férias lembrando da infância. E escrevendo esta coluna. Preguiçosa, feliz, leve e ao lado de amigos queridos. Como são as férias. Como é a infância. Como a vida também deveria ser. Sempre.
Sei que temos a rebelião em Manaus, o Temer, a violência cotidiana, o Inter na segunda divisão e o Dória vestido de gari. Mas a cabeça também tem que descansar. E estes são assuntos para adultos, não é?
Boas férias pra você também. Ou boa infância.