Todos os dias, deparamos com alguma nova grave crise no Brasil. Da política à economia, passando por vários aspectos da vida das pessoas, nos submetemos a conviver com indicadores pífios de desempenho. A crise mais recente, do sistema prisional, reforça o sentimento de que o Estado brasileiro faliu.
Como em qualquer situação, logo se anunciam medidas para tratar do problema. Equipes são reunidas e planos ambiciosos desenhados, para, na maior parte das vezes, os esforços se dissiparem na incapacidade de agir da máquina estatal, na falta de recursos ou, ainda, em avalanches de críticas que não dão chance sequer para que se inicie a fase de execução. Os investimentos pontuais anunciados servem mais para acalmar a opinião pública do que para trazer resultados tangíveis, além de retirar fundos de outras áreas que acabarão gerando a próxima grande crise. O que chama atenção é que seguimos no erro fácil de tentar agir sempre em cima de sintomas e não da causa efetiva dos problemas.
O mundo é dinâmico e o tempo que perdemos não pode ser recuperado. O Brasil se acomodou em mecanismos de proteção do status quo e em debates eternos que não geram resultados ou que, quando geram, produzem legislações e ações já desatualizados. Procurando a solução perfeita, não se permite que a boa possa acontecer. No cenário caótico em que vivemos, entretanto, paliativos não são mais suficientes. Como em qualquer crise, definir prioridades e ter senso de urgência é fundamental.
Temos que decidir que Brasil sairá dessa crise. A oportunidade para criarmos um país melhor existe, impondo-se, inclusive, pela força dos fatos, mas não é um caminho natural. A tendência nos leva para vivermos no Brasil de sempre, o eterno país do futuro. Precisamos definir prioridades e desenvolver nosso senso de urgência, buscando um projeto amplo de reforma do Estado, baseado no que efetivamente funciona no mundo e em instituições melhores para a sociedade. Estamos, afinal, condenados a viver o resultado de nossas escolhas.